sábado, janeiro 25, 2014

Em busca de um regresso...


Escrevo depois de muitos anos.
Escrevo para desabafar sobre o quanto fui apanhado pelos ciclos sem fim da rotina, pela inércia dos hábitos...
Fiquei demasiado inerte ao longo destes anos e deixei de me opor ao "hábito", que definha a nossa existência e destrói os nossos sonhos...
Perdi o Norte quando o julgava como certo e deixei murchar as rosas azuis que me alentavam a passada...
Deixei de cultivar esses rebentos do nosso coração, que a realidade nos nega e escondemos no mais íntimo recôndito desta "capa" de carne e ossos... e vamos alimentando com a esperança e uma ingenuidade de criança...
Escrevo ao som de uma música que me faz recordar os tempos de desabafo da caneta, muitas vezes a pretexto da irreverência da moda, mas com o alívio genuíno de uma confissão... da partilha de um sentimento.
Sinto que o mundo dá voltas dentro de voltas, em círculos sem fim, criando um labirinto sombrio... e vamos sendo consumidos pelo tempo, enquanto nos conformamos... São estes os "moinhos de vento" da minha mente...

Round, like a circle in a spiral
Like a wheel within a wheel
Never ending or beginning
On an ever-spinning reel

Like a snowball down a mountain
Or a carnival balloon
Like a carousel that's turning
Running rings around the moon

Like a clock whose hands are sweeping
Past the minutes of its face
And the world is like an apple
Rolling silently in space

Like the circles that you find
In the windmills of your mind

Like a tunnel that you follow
To a tunnel of its own
Down a hollow to a cavern
Where the sun has never shone

Like a door that keeps revolving
In a half-forgotten dream
Like the ripples from a pebble
Someone tosses in a stream

Like a clock whose hands are sweeping
Past the minutes of its face
And the world is like an apple
Rolling silently in space

Like the circles that you find
In the windmills of your mind

Windmills Of Your Mind (by Sting)


Escrevo para registar as memórias de um hábito que me turvou a visão durante demasiado tempo.
Escrevo para dizer que voltei, mas sem a certeza de voltar novamente...
Escrevo no início de uma jornada em busca das minhas rosas azuis, quais sonhos que comandam a vida...


Obrigado Mestre (tu sabes), por me teres incentivado a voltar (a escrever).

quarta-feira, julho 11, 2007

Significados de Ti

Oh tu, que tocas a musica…

Agora que oiço os ventos mentais que esta musica me levanta, paro nesta minha velha cabana de abrigo para pensar que um dia que te vás, todo este mesmo vento e esta minha velha cabana em que me refugio neste mesmo momento perde o sentido…

Paro neste momento e tenho medo que te vás…

Tenho medo de nunca mais voltar a sentir o vento, este vento que ora arrepia, ora seduz, ora afaga os pêlos de barba que me nascem bravios no rosto…

Toda esta cena assenta no pressuposto de existires…

Não!

Não te quero perder!

Só tu sabes mexer comigo, soprando intensidades musicais na minha ceara mental, lembrando-me que sinto, que sou capaz de sentir… fazendo-me dar sentido às planícies e montanhas do meu ser…

Cada gesto que fazes, cada nota que te sinto é como uma sementeira de alimento para o meu pensar, como que despoletando todos os ciclos de significado…

Não te vás!

És como o ar que respiro, és o ar que eu respiro, és… Tu e só tu, como a nota certa na melodia certa, fazendo arrepiar todo o meu corpo no momento exacto em que precisava ouvir aquela nota… e a nota a seguir… e a outra, perfazendo a melodia perfeita para os meus ouvidos… Como um ciclo dentro de um ciclo num ciclo sem fim…

Não vás!

Preciso de ti!

segunda-feira, maio 21, 2007

Brecha de Equilíbrio

Abro os olhos... Tudo o que vejo são memórias confusas... Cenas estáticas de uma vida desconhecida... Temo que da minha se trate... Não sei... Nunca sei... Nunca sabemos... É isso que sabemos...

Eis-me de novo por entre linhas de palavras que saem pelo bico da caneta...
Muito longe tenho estado...
Por vezes olho de longe e remeto os meus pensamentos para os meus escritos, as minhas reflexões, as minhas sentenças...

É sem dúvida com muito pesar que por vezes não escrevo qualquer coisa, mas é exactamente por se tratar de “qualquer coisa” que opto por não escrever.
Quero que todas as minhas linhas tenham um significado. Só assim o desabafo é perfeito e traz alívio à minha consciência.

Apesar de não habitarmos um mundo puramente lógico, é nela (na lógica) que penduro a minha esperança de que algo melhore, de que algo dê certo. Assim, poucas vezes procuro a fé em algo mais, que provoca um conflito entre coração e mente, deixando o corpo em desequilíbrio.

Não é fácil encontrar o momento certo para conseguir que meia dúzia de palavras saiam da minha caneta e borrem uma folha de papel com significado. É aquilo a que os artistas teimam em chamar inspiração, ou musa... Bem, como não me considero artista e nunca senti a inspiração como inspiração, e não como acto constituinte da acção de respirar, preciso de encontrar um equilíbrio para desbloquear as palavras da minha mente.


Eis-me numa brecha de equilíbrio... Não me alongarei muito, pois não tenho muito tempo... Voltarei.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

No Outro Lado Da Colina

Aqui sentado debaixo deste sol quente, deixando que se apodere de mim aquela preguiça felina, fechando os olhos e ouvindo o mar, relaxante canção… esqueço por momentos que ainda é Inverno.

É, pois, certo, que o som do mar misturado com o azul do céu, rasgado pelo sol e pelo voo das gaivotas, remete para o verão. Não fossem a areia ainda um pouco molhada da chuva e o vento frio a trespassar as margens do cachecol, fazendo-nos provar o frio no pescoço… e o quadro completar-se-ia.

Mas o momento é quase perfeito.

Sei do Inverno como um período de introspecção, como um recolher obrigatório de grande parte da vida num sono profundo, à espera que as andorinhas venham anunciar um novo grito de vida em hinos primaveris.

O sol brilha melhor depois deste renascer, acima de tudo porque valorizamos sempre mais aquilo que não temos, mesmo que apenas por uns meses…


“Sunshine's better on the other side
Sunshine's better when you make it shine
The sun shines better
Sunshine's better on the other side
The other side of the hill
The sun shines better.”

John Martyn – “Sunshine's Better”

domingo, dezembro 31, 2006

O Fim Do Ano

O fim do ano é, sem sobra de dúvidas, um dos maiores marcos da civilização ocidental.
Marca um hábito milenar da contagem do tempo, deixando pontos de referência marcados num espectro temporal em constante evolução.
Encarando a vida como um rio que corre, mas não por acção da gravidade e sim como acção do tempo, quero desejar a todos um belo percurso pelo ano que chega daqui a pouco e que o fim do vosso tempo vos permita alcançar tudo o que procuram.

Guillermo de Baskerville