quinta-feira, novembro 17, 2005

Hoje está sol

O frio que faz fora da janela que tenho pela frente desencoraja qualquer um a sair de casa. Ainda que o dia pareça lindo, com o sol a brilhar, vagueando por um céu azul, tal como um barco navega pelo azul de um mar infinito, a temperatura ajusta os cálculos da coragem para sair e caminhar.
“Hoje é um bom dia para estar ao sol”. Salvo os momentos em que o sol se esconde por traz de uma nuvem vadia que foge do vento. Aí, na nossa solidão escura, sentimos o vento atingir-nos como se estivéssemos despidos, e gelamos até às entranhas.
É desta contradição de sol e frio, de chuva e subida da temperatura, que se faz o Outono. Reflecte o sentido de clima tropical, mas do Norte.
Se o personificássemos, seria alguém com mudanças de humor muito repentinas. Estaria sempre cheio de surpresas, augúrios, alegrias e desilusões. O balanço da sua felicidade seria uma média estatística do infinito dos seus dias, da sua inconstância imprevisível, escondida entre árvores despidas e folhas secas caídas no chão.
É sem duvida aquela altura do ano em que a inércia do Verão nos move e a nossa esperança cria expectativas do Inverno… do Natal… Numa ânsia de Primavera e de toda a sua simbologia… do Verão.

“Quando o Outono da vida nos atinge, resta-nos esperar que todas as nossas folhas caiam… aí estaremos no Inverno sonhando com o renascer da Primavera. A simplicidade da aceitação dos tempos reside em acreditar que tudo cumpre um objectivo singular e necessário. O ciclo de vida do qual fazemos parte, não finda connosco, continuará alimentado por nós e pelo nosso rasto”.