terça-feira, setembro 20, 2005

O Conhecimento


O Conhecimento que temos é apenas o reflexo da realidade que nos é transmitida, no nosso espírito. Assim, estará sempre sujeito à nossa personalidade, ao nosso estado de espírito, ao nosso temperamento...
Estará também sujeito a desvios por parte de quem o transmite, pois estará a transmitir o reflexo do reflexo que lhe foi transmitido.

Assim, o Conhecimento mais fiel será aquele que recebemos, não de outro intelecto, mas directamente da realidade. Será como ir beber directamente à fonte, sem intermediários.

Este será, sem dúvida o método mais complicado e mais moroso, mas será também o que mais fortificará o Conhecimento.
Tentaremos sempre encurtar a distância entre a Ignorância e o Conhecimento, mas o verdadeiro Conhecimento advém do percurso e não do destino. O verdadeiro Conhecimento advém daquilo a que chamamos Aprendizagem.

2 Comments:

Blogger rokita said...

Encurtar a distância entre a ignorância e o conhecimento depende de nós, da nossa aprendizagem, é certo. Não devemos contudo dar nada como imutavel, devemos estar sempre despertos para a nova dimensão que as coisas têm a cada dia.
Por outro lado, o conhecimento tem várias dimensões, varias categorias. Não devemos fixar-nos em apenas um determinado saber, ou tão pouco descuidar um tema que nos desagrade. Mas principalmente, devemos estar sempre atentos para o saber da vida, onde nós somos apenas paragragos de um grande livro.

terça set. 20, 02:47:00 da tarde 2005  
Blogger Ivo Brandão said...

Estando totalmente de acordo contigo, gostaria de deixar mais uma "acha na fogueira". A questão da aprendizagem prende-se com a comunicação. Ou seja, a forma como são transmitidas as ideias. Por exemplo, falamos do conceito MESA (objecto sobre o qual tenho o computador, por exemplo). Acontece que o meu conceito de mesa, aquele que eu tenho na minha cabeça quando o expresso, pode ser totalmente diferente daquele que o meu interlocutor tem. Mesmo que eu o especifique. Posso dizer "mesa de computador", mas sabemos a quantidade de modelos que existem. Sucede que a "imagem" que tenho na minha cabeça quando digo "MESA" dificilmente será a mesma "imagem" que o meu interlocutor tem, a menos que estejamos os dois a olhar para a mesma MESA (mas excluamos esse cenário). Poderíamos alargar a discussão para o conceito de "amor", ou de como o poderíamos descrever. Ou o conceito de "Deus". Pefiro ficar assim e partilhar um interessante texto de Nicholas Negroponte, que creio exprimir um pouco esta ideia, se bem que de uma forma diferente.

«Imaginemos seis pessoas animadas jantando a uma mesa; estão completamente absortas numa discussão acerca, digamos, de uma pessoa que está ausente. Num certo momento da conversa acerca do Sr. X, olho para a minha mulher, que está do outro lado da mesa, e pisco-lhe o olho. Após o jantar, alguém vem ter comigo e diz-me: «Nicholas, vi-o a piscar o olho para a Elaine. O que é que lhe estava a dizer?»
Eu explico-lhe que nós tínhamos jantado com o Sr. X duas noites antes, altura em que ele explicou que, contrariamente a '" ele de facto era... mesmo que as pessoas pensassem... mas o que ele realmente decidiu foi..., etc. Isto é, com 100 000 bits (mais ou menos) eu sou capaz de lhe dizer o que comuniquei à minha mulher com I bit (peço a vossa indulgência por eu supor que uma piscadela de olho é um bit através do éter).
O que acontece neste exemplo é que o emissor (eu) e o receptor (Elaine) detemos um corpo comum de conhecimento, e portanto a comunicação entre nós pode ser em estenografia. Neste exemplo, eu disparo um certo bit através do éter e ele expande-se na cabeça dela, desenca¬deando muito mais informação. Quando me perguntam o que é que eu disse, sou forçado a fornecer todos os 100 000 bits. Perco a compressão de dados 100 000-para-1».

Nicholas Negroponte, in Ser Digital, Ed. Caminho

(Desculpa a extensão e, porventura, algum desacordo)

segunda set. 26, 01:16:00 da manhã 2005  

Enviar um comentário

<< Home